segunda-feira, 30 de abril de 2012

À FLOR DA PELE



Todos os sentidos se encontram à flor da pele
Nesse espaço repleto de ilusão.
O silêncio povoa os meus desertos.

Há vastos terrenos onde o campo está minado
Enfrento o vazio das multidões
Procuro pelo tumor mal curado.

Palavras se esvaem aos milhões
Esperam ansiosas pelo trem
que as levará por caminhos incertos.

Dores antigas mandam recado
Minha solidão está aberta à visitação.
Precisa encontrar sentido, ser devassada
Quer preencher seus quartos, ser habitada.

Vende-se o último lote descampado!
Sem drama ou sofrimento inútil.
Expõem-se feridas abertas aos curiosos olhares.
Despe-se a máscara e o discurso fútil.
A alma solitária apela por compaixão.

Nathalia Leão Garcia
Rio, 30 de abril de 2012



6 comentários:

  1. Multidões de visitas e uma só solidão. Ah! essa palavra, superlativa desde a grafia. Que complexa a geografia da solidão. Estar a sós é diferente, é estar com sóis, vários, brilhando na quietude de nós mesmos.
    Encontrar sentido...mas qual deles ou serão todos reunidos, em idas e vindas que alucinam, que ensinam a descobrir outro(s) sentido(s)?
    O trem que leva as palavras é supersônico, é irônico ao trazê-las de volta, envoltas em outras, concêntricas, excêntricas, ricas em sua nudez franciscana.

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  2. Vamos permitir que os momentos de solidão sejam bem aproveitados.
    Preparando a nossa sala de visitas para receber os convidados.
    Simplesmente aceitemos as nossas fragilidades.
    Mantendo-nos fiéis as nossa mutantes verdades.
    Somos seres multifacetados.
    Nossa imagem se reflete em luz sobre espelhos.
    O cenário é uma colcha de retalhos.
    Palco para encenação de muitos enredos.
    Arena de feroz embate entre todos os medos.

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  3. "preparando a nossa sala de visitas para receber os convidados"
    Olha, essa frase, de per si, enseja muitas divagações. Remete-me a Sartre, à Simone de Beauvoir. Adorável. Aceitar as familiares fragilidades é conquista gigantesca, tanto quanto essencial, para que adentremos a arena e enfrentemos os medos, tanto quanto nós, multifacetados.

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    Respostas
    1. Obrigada Hélcio pelo seu entusiamo contagiante!
      Pela sua sensibilidade que toca profundamente!
      Grande astro de luz! Que este seu sol brilhe sempre!
      Será sempre bem vindo na sala de visitas e na mesa da ceia!
      O banquete da poesia nos irmana!

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  4. Medos arraigados, hibernados desde sempre.
    Medos em áreas abissais de nossos assombros.
    Medos que sufocam os seres
    e abreviam os dias,
    retirando da pele a doçura,
    deixando palavras
    como rastros e restos do que não foi.

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  5. Este poema dá nome à minha coletânea de poesia!
    O padrinho é o meu amado Marcelo que o batizou!
    Meu amor, obrigada por me dar a sua poesia!
    O melhor de você!
    Fina iguaria!
    Vinhos de seletas safras!
    Um brinde a pessoa linda que é você!
    Convido a todos para este banquete!
    O casamento de almas!

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Namastê!

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