segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

SOBRE A TRANSITORIEDADE

                                             

Para os momentos especiais de “salto quântico” quando temos que aprender a arte do desapego e reconhecer o fim das coisas, lembro as palavras de Eckarte Tolle no seu brilhante "O Poder do Agora" que é um livro que amo e venho lendo e relendo há uns 8 anos pelo menos.
Ele é incrível e acerta na mosca quando fala da necessidade de desapego e de nos libertarmos do passado e nos concentrar no presente que é tudo o que temos.
Passamos boa parte da vida tentando reter o passado e adiando nossas conquistas para algum dia distante quando internalizamos que seremos felizes. Esquecemos de ser felizes no processo. Nada é permanente... Aja com simplicidade, apenas aceite a vida como ela é. Cuide do seu jardim para atrair as borboletas....
Nós não nos damos conta com facilidade do fim das coisas , isso é o inexorável da vida! Era necessário este aprendizado! Não se aborreça, nem se indigne, apenas encare com serenidade. Não podemos controlar a vida nem as pessoas. Agora é fluir com o ritmo da vida.
Precisamos nos tornar conscientes dos pensamentos e emoções que nos impedem de vivenciar plenamente a alegria e a paz que estão dentro de nós mesmos.
Nosso verdadeiro poder está nas escolhas que fazemos.
Parabéns pela coragem de tomar as rédeas da vida e escolher ser feliz!

Nathalia Leão Garcia


Rio, 23 de dezembro de 2013


terça-feira, 17 de dezembro de 2013

ESTAÇÕES


Procuro um espaço de sonhos pra repousar o meu cansaço!
Onde poesias alentadoras iluminem meus caminhos tortuosos!
Um oásis em meio à aridez dos dias sem canção.
Um refúgio para o meu coração desabrigado.
Procuro um porto onde eu possa atracar a solidão.
Um farol que norteie meu navio naufragado.
Onde minhas dores e lágrimas possam se desmanchar.
Busco lugares habitados por seres sensíveis.
Onde haja valor para os sentimentos.
Onde vizinhos se cumprimentem e se deem as mãos.
Procuro um canto onde a minha mente possa se desapegar.
Um suspiro de alívio pros meus desvarios.
Um colo que acolha os meus medos.
Uma casa que recupere almas vadias.
Em que todos se amem como verdadeiros irmãos!


Nathalia Leão Garcia

Rio, 17 de dezembro de 2013.




quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

RESQUÍCIOS



Viver é perigoso e temerário.
Um mistério infindável.  
Mas a adrenalina vicia e envenena.
Perdi o medo e as medidas.
Descompostura e irreverência
ultrapassam limites.
Sem culpa nem desculpa.
Não peço licença.
Abro as minhas asas
e aponto a minha antena.
Capto os sinais e me atiro.
Não me ocupo e capturo as chances.
Estamos quites.
Muito mais livres que antes.

Nathalia Leão Garcia

Rio de Janeiro, 05 de dezembro de 2013.


quinta-feira, 28 de novembro de 2013

EM PELO



A pele que me habita se arrepia
com os acordes e tons que amamos.
Que delicia deparar com a melodiosa canção
nascida do seu sentimento!
Amor e arte são essenciais!
São as armas mais poderosas e transformadoras!
Validar as pessoas através de expressões de afeto e admiração
é nobre e aquece o coração!
Aceitação e acolhimento,
o que buscamos!
Acredito na força do afeto e do abraço! 
Luz e sonhos são reais!
Queria poder eternizar esse momento
Te ofereço meu colo e o calor.
Desfruta, usa e abusa.

E vamos que vamos!

Nathalia Leão Garcia


Rio, 29 de novembro de 2013.


quinta-feira, 21 de novembro de 2013

HAICAIS


Os medos se medem
pelos gritos grávidos
na noite nua.

Não se ofenda,
sou lava de vulcão!
Não se renda,
sou fogo de palha e paixão!


Nathalia Leão Garcia

Rio, 21 de novembro de 2013.

                                       Pintura de Josette Garcia 

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

ARTIFÍCIOS ANTINATURAIS


O amor é feito de pequenos gestos.

Palavras ocas não traduzem afeto.

Declarações vazias e sem valor.

Na falta da emoção verdadeira,

Cria-se uma relação virtual.

Quando as aparências disfarçam

A incapacidade de sentir na real,

Mentiras e tons de cinza se entrelaçam.

O banquete serve aos falsos e descarados.

Aceita-se migalhas à prestação.

O importante é aparecer bem na foto.

São tempos de engôdos deslavados.

As farsas são a dura ilusão.

Que se carrega pra casa por pura solidão.

Toma-se mais um trago amargo de fel.

Pra engolir o copo de cólera.

E fingir que a dor tem sabor de mel.



Nathalia Leão Garcia

Rio, 1º de novembro de 2013.


IMPERMANÊNCIA



Pra não falar que só falei das dores.

Falo hoje das minhas glórias.

Das manhãs de sol em que estou viva!

Não me lembro dos meus fracassos.

Só recordo das minhas vitórias.

Minha memória é seletiva.

Mas a felicidade é ruidosa,

Suscita a inveja alheia.

Espreita nas sombras insidiosa.

Porém ouso enfrentar a cara feia.

Seleciono escolhas e cores.

Que guiarão meus rabiscos.

Não me enredo na perigosa teia.

Sou livre pra viver a minha história.

Pago os preços e assumo os riscos.


Nathalia Leão Garcia

Rio, 31 de outubro de 2013.


sexta-feira, 11 de outubro de 2013

FOGUEIRAS SEM VAIDADES

                                                                       Deusa Héstia

Onde foi que perdi aquele olhar?
Quando desisti da esperança?
Talvez tenha sido um sonho
Um lugar distante há anos luz

Num breve instante de descuido
Ou num piscar de olhos displicente
Larguei a fé pelo caminho sem fim.
Mas ficou tudo tatuado na memória

A  impressão digital do meu viver.
Na viagem astral fora do meu corpo
Visitei o que fui ou o que restou de mim.
Mesmo que seja uma miragem.

Me recuso a abandonar a mortalha do cansaço.
Faço rebelião contra o destino.
Meus passos eu mesma traço
Não sigo a massa!

Bendigo a liberdade que alcanço.
Luto pelo espaço para minha alma.
Não me escondo nas sombras, prefiro a luz.
Não abro mão dos meus valores.

Sou pura, nua e crua.
Me exponho lenta e calma.
Renasci das cinzas das dores.
Corro com o vento e me reinvento.

Sou errante e errática.
Gosto de andar descalça.
Acordo cantando o hino

A maturidade me trouxe todas as cores.
Vôo com os pássaros e namoro  os azuis.
Me colo nos fragmentos do que ensino.
Encontro um colo que me abriga.
O que busco me abraça.

Nathalia Leão Garcia 


Rio de Janeiro, 12 de outubro de 2013 

                                                                        Pablo Picasso - Mulher com livro 1932

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

IN-SUSTENTÁVEL





Eu canto as notas solitárias deste poema.
Encanto palavras de um mantra ritual.
Meus versos vertiginosos
Provocam tremores e anunciam tormentas.

Insuportável a dúvida lancinante dilacera
Fatia as horas em mil pedaços
Caleidoscópio do tempo cruel.
Minha força rasteja nos submundos.

O que me traz prazer?
O que me rouba a paz?
Quem decifra meus enigmas?
A desalmada humanidade sabe não.

O dialeto da alma é feito de sutileza.  
Requisita especiais habilidades
O silêncio revisita a suavidade e a contemplação.
A intimidade é vizinha da delicadeza.

É preciso aquietar o coração.
Pra suportar a dor existencial infinita
As coisas não são como se quer.
Tomo o cálice amargo de fel.

A compreensão interior me legitima.
Minha parca autoconfiança
As asas frágeis tremem ao voar
As raízes tortas, malformadas.

O medo espreita nas sombras
O vento forte debulha as folhas.
Como um delicado bambu me curvo aos vendavais.
Mas meus ossos não se quebram, são maleáveis.

A vontade e a teimosia são maiores.
Assim ultrapasso meus limites, rompo as fronteiras
Mas não atraco nos portos, não alcanço as margens.
A busca e o frio não são confortáveis.

Sigo o caminho errante, desequilibrado.
A prospecção de terrenos agrestes interiores.
A luz sutil é o que me guia na cega indignação
Aguça meus sentidos pra que eu alcance a pureza.
Transformando toda essa incerteza em doce aceitação.

Nathalia Leão Garcia
Rio, 13 de setembro de 2013. 

                                                             Fra Angelico - Annunciation

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

METAMORFOSEAR



No novo tempo, apesar de tudo
a primavera chega aos nossos corações 
animando a alma em flor
potencializando as nossas forças
alimentando a nossa colheita 
Hora de finalizar os contratos
tempo de se abrir para novas canções
Que a vida se encha de cor!
Que a luz se espalhe nos nossos passos!
Viver e fluir com as mudanças
Essa é a minha prece para celebrar emoções!
Coragem para dizer que sobrevivi aos temporais!
Sem máscaras, sem plásticas,
estampando meu melhor sorriso!
No novo tempo!


Nathalia Leão Garcia


Rio, 6 de Setembro de 2013.




quarta-feira, 4 de setembro de 2013

TRACCE



I nostri timori non possono resistere le scogliere.
Sono strade strette che conducono a momenti felici.
Terreni duri e ripidi questa passeggiata
insegnaci a confidare il vento che chiama.
Gli istinti ci guidano in questo viaggio.
Poesia ricopre il delicato tessuto delle emozioni
traducendo i segni e le tracce
Ci strappa dalle vecchie cantine.
Aprire le finestre per la luce del sole
attraversamento giorno
e denuncia la nostra umanità.


Rio 04 settembre 2013.

Nathalia Leão Garcia 


Vicent van Gogh - Campos de trigo

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

COR- AGEM AÇÕES COM O CORAÇÃO




Pensando eu estava hoje sobre como é muito mais fácil amar as pessoas simpáticas, politicamente corretas, vitoriosas, cheias de sucesso. Difícil amar alguém como eu e você, somos tortos, politicamente duvidosos, erramos pelo meio do caminho, pegamos atalhos, nos perdemos, não temos certeza de coisa nenhuma, damos nossos ataques, explodimos as pontes, nos enfiamos em cada buraco..., travamos uma luta selvagem com as nossas compulsões e sabotadores internos, ufa!!!
Solidão do ego, ah se eu tivesse isso!!!! Meu ego grita, esperneia, se oferece ao escárnio e eu ainda tento fazer piada e rir do meu ridículo! Tá certo que sou péssima pra contar piada, sou desajeitada geral! Mas adoro rir de tudo e até de mim mesma patética, me preocupando com tudo!
Meus queridos amigos, da minha forma mais torta, lesada e sem jeito digo que amo cada um com as suas imperfeições e todo o pacote de doçuras e travessuras! Todo o meu jeito desorientado de ser dá uma pista do porque enfio os pés pelas mãos, me perco, xingo, me rebelo. Isso faz parte da minha passionalidade, esse sangue latino e incontrolável que ostento! O cavalo de fogo que me habita me absolve e pede humildemente, dê uma chance aos que não ocupam os primeiros lugares nos pódios e palcos!

Nathalia Leão Garcia 

Rio de Janeiro, 31 de agosto de 2013 




segunda-feira, 26 de agosto de 2013

PRELÚDIO




Amo quando você se denuncia através das demonstrações de humanidade!
Suas palavras me raptam da insanidade dos dias!
A nossa história é feita de sal e mel! 
Nem sempre é fácil lidar com as sutilezas.
Caminhar pelo tecido delicado do coração sem ferir demais, 
o campo já minado pelas experiências nem sempre felizes.
Você é habitante principal deste espaço amoroso e lúdico:
o altar do meu afeto. 
Me inspira e guia pelas veredas da tua alma grandiosa e poética!

Nathalia Leão Garcia

Rio, 26 de Agosto de 2013.


                                                                                    Dali The Bleedding Roses 

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

SUPLICANTE




Olhe pra mim com olhar amoroso, observe as minhas qualidades!
Por favor não exacerbe os meus defeitos, sou humana!
Não resisto aos olhares mordazes e ácidos!
Um pouco de candura e mel adoça os dias,
nos dá substância nutritiva para continuar lutando!

Aquela dose de maciez e leveza tem que vir de quem se ama!
O mundo já é áspero o bastante, mastiga nossos sonhos e os tritura
em seu liquidificador implacável que reduz tudo a uma gosma indefectível!
Me leva pra passear nos seus jardins mais perfumados!


Nathalia Leão Garcia

Rio, 22 de Agosto de 2013



terça-feira, 20 de agosto de 2013

DIVAGAÇÕES



                                            
Boas intenções, bem querer e bem fazer são antídotos
para os males epidêmicos que se entranham.
A ética grita perante tantos absurdos.
Devemos ser a mudança que queremos no mundo.
Espero manifestar com a minha voz os mecanismos de cura interiores,
pois carregamos a doença e a cura em nós.
Faço prece com as sábias palavras de Caetano:
"Rapte-me camaleoa. Adapte-me ao seu Ne me quitte pas..."

Nathalia Leão Garcia 

Rio de Janeiro, 17 de agosto de 2013 


                                            "Esda e Rei Verde" - Dali

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

VERTIGINOUS


Why write about love?
Best is to live it!

Don´t be disappointed!
Sing for pain become a river!
Where our love will flow.

We´re fragile beings, completely nude!
Get involved in veils 
so as not die of cold!

The road has no shortcut
We must learn to tread
There is no safe way ...
I guide myself by feelings

Branch to branch
I keep myself safe
Losing myself to find you.


April 26 th 2012

Nathalia Leão Garcia

                             


sexta-feira, 16 de agosto de 2013

SER EM MUTAÇÃO

              


Este texto em prosa nasceu dos meus questionamentos e como uma luva se encaixa em minhas inquietações. Confesso a angústia pela responsabilidade que carrego por tantas escolhas. Tudo tem um preço, ficar no meio do caminho não é uma opção. As exigências e cobranças pesam. Sinto muitas vezes a fragilidade humana me pegando em cheio e os sentimentos ambíguos de orgulho, bravura, coragem oscilando com insegurança, medo e solidão que desgastam, machucam e moem. É estressante viver e  ainda tenho que lidar com o nível de satisfação que  me cobro. Não quero que seja em vão a minha luta. A existência é muito breve para não arriscar. Não há nada a perder quando a gente não tem garantias. Abro as minhas asas e confio no vento. Voo às cegas, não há alternativa. Preciso poder me olhar no espelho com inteireza. Enfrentar a timidez, a falta de jeito em lidar com as minhas próprias limitações.  Não tenho pudores em dizer que não sei as respostas. Nestes tempos pós-edipianos, não há a segurança do pai para me dar os limites, não tenho chefe, nem um Deus para me salvar, não tenho religião, não sou filiada a nenhum partido. Não há prisões nem grilhões. A liberdade tem prós e contras. Os que eu amo não me compreendem e é assim mesmo. Para estar junto não é necessário entender tudo.  Não somos adversários por versarmos em outras línguas. Há um mundo de diversidade e temos de ser tolerantes e inclusivos. Caíram os véus. A inconsciência não vai me salvar. Há esse sintoma indecifrável que me define e preciso assumi-lo como meu, um mal estar unicamente meu. Preciso me inventar e escolher como vou viver daqui para frente. O que passou não importa mais, faz parte da poeira do caminho. Não há padrão, o novo espreita e bafeja seu hálito de hortelã em meu rosto me provocando.  Não há felicidade por merecimento e sim por obra do acaso. Trombamos por sorte na felicidade dobrando uma esquina da vida. Sem aviso ela me surpreende num sorriso.  Quando os desafios parecem avassaladores vem a certeza não sei de onde e a luz está lá iluminando os meus passos. Se não há nada além das palavras, há um cheiro de novo no ar que nos espera com a necessidade de articularmos os nossos monólogos que não passam mais pela moral arcaica e sim pela ética. Isso  é o que me norteia. Na melhor definição lacaniana, troco a sensação de impotência pelo reconhecimento da impossibilidade de executar o que não é real! Uso a minha experiência, o instinto e minha subjetividade pra me guiar.  Sou responsável pela minha singularidade, não tenho ponto de referência, preciso legitimar a informação que me chega pelos poros, por osmose, acontecimentos no meu corpo que denunciam os traços desse ser incomum dessacralizado que compreende contradições. Esta sou eu, dinamitada pela incoerência. Não peço compaixão, não me proponho a lamber minhas feridas nem exijo empatia. Vou em frente mesmo sem saber aonde vai dar. Não tenho para onde ir nem rota de fuga. A viagem é interior. O riso e o gozo me libertam. Não me explico nem me justifico. Anjo ou demônio, apenas estou sendo, sou um processo individual.

Nathalia Leão Garcia

Rio, 17 de agosto de 2013


                                                 sarpedon-s-corpse-carried-away-by-sleep-and-death
                                             

REMINISCÊNCIAS E ESCRIVIVÊNCIA

                 Carrego em mim a doce lembrança de minha avó materna que me criou. Ela partiu cedo desta vida, mas me deixou de herança s...