quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

ACEITAÇÃO




Somos as nossas contradições, incongruências e dúvidas.
Não somos perfeitos, simétricos nem lineares.
Somos sujeitos a chuvas e trovoadas.
Não somos tudo o que se quer.  
Somos as dádivas e as dívidas.
Não somos a soma dos medos
Somos o talvez, o que der e vier.
Não somos santos nem cínicos
Somos princípio, meio e fim
Não somos a certeza nem a frieza
Somos mais de que a promessa de vida.
Enfim não somos mais do que a beleza da incerteza  
e a liberdade de escolha de ser simples assim.

Rio, 31 de janeiro de 2013.

Nathalia Leão Garcia



sábado, 26 de janeiro de 2013

DESCONCERTADO


O que resta de mim pra além das fronteiras do que sinto?
O que me espera na esquina é o inesperado.
O que procuro é diferente do que encontro.
O que calo não quer dizer que minto.
O que me conforta não é o exato.
O que me dá prazer não está listado.
O que me freia não é o ponto.
O que levo da vida é incontável.
O que me dá medo eu não conto.
O que me faz feliz é um mistério infindável.


Nathalia Leão Garcia 

Rio, 26 de janeiro de 2013.



                                                            Kandinsky, (1923)

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

INQUISIÇÃO



Quem de nós tem poder de julgar?
São sedutoras as provocações.
O desabafo interage com luar.
As opiniões desfilam no palco das ilusões.
Gritos, sussurros e sopros no ar.
Emaranhados, sufocados, reprimidos.
Arrogância, ganância, militância.
Prepotência, onipotência, ausência.
Legitimidade, intimidade, fragilidade.
Como assim você pensa que me invade?  
Como fala o Bruno Menezes: “você daí o que sabe do eu daqui?”
Não qualifico ninguém pra cuidar dos meus ideais.
São plurais os meus ais.
São naturais, surreais,
mas não são Dalí!
São de mim.
Quero distância de falsos templos e tribunais,
que teimam em me enquadrar e limitar.
Minhas asas quero cultivar
Voar e ser livre enfim,  
nem que seja pra professar a fé nos sonhos
e a esperança na promessa de viver em paz!

Rio, 25 de janeiro de 2013.

Nathalia Leão Garcia 

                             "O Julgamento-de-Paris"-Peter-Paul-Rubens

POR VIR


O amor entremeado pelo ar fresco e o mel das palavras!
Nós somos o que partilhamos!
Os atalhos nós driblamos!
Que venham as surpresas!
A verdadeira consciência é feita das brechas em nossas defesas
e é a partir delas que fazemos oposição às nossas certezas.
Pelos 3 anos de luz que vivemos juntos.
Brejeiros anos de um querer que não sossega!
Os sentidos que nos guiem nesta entrega!

Rio, 25 de janeiro de 2013.


Nathalia Leão Garcia 




quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

FELA




Fela, menino doce, fala rascante quando o vento o desafia!
Fia as linhas do tempo que o transforma num grande homem!
Herdou a veia poética do pai e da sua família.
Sobrinho querido que ganhei de presente
com o enamoramento que entrelaçou a minha vida com a poesia!
Fela meu lindo, continua a trilhar este caminho de rosa e espinho!
Reinventa  as dobras do tempo convivendo com o menino e o poeta!
Transforma as trilhas da estrada em letras da canção.
Mui agradecida pela honra da sua admiração!

Rio, 17 de janeiro de 2013
Nathalia Leão Garcia



PRO UFFILHO MEU



Meu menino amado,
desde a sua chegada
o meu mundo ficou melhor.
O que você carrega no olhar
não se compara  à vitória mais esperada
Nas mãos carrega o futuro sonhado.
O som dos seus passos eu sei de cor.
Fez meu coração o mais puro altar
cenário das preces que vivem no exílio
dos que amam pelo prazer de amar.
Meu filho adorado
me ensina uma canção de ninar
que adormeça as dores
E me cubra deste manto de orgulho
Decrete a liberdade e a cura pelo amor
Pra eu nunca mais ficar só no breu.
Ressuscite o sol e seu brilho
vibrando no espectro das cores
somente por um beijo seu.


Rio, 17 de janeiro de 2013.

Nathalia Leão Garcia


quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

TANTO FAZ ?




O desejo subsiste mesmo quando transferido!
Não é inexistente!
Apenas está latente.
Pode estar camuflado, escondido.
Talvez tenha se travestido
e através do outro vai se manifestar.
O poder é compartido.
Não há acasos!
Toda escolha leva a renunciar.
Pego algo, perco um pouco.
Esse é o jogo!
Perder para ganhar.
É utopia a neutralidade.
Por isso a negação é fogo!
Não finja agir com naturalidade.
As segundas intenções estão embutidas.
A inocência presumida não é verdade.
A suposta “não ação” é subversiva.
Subterrânea, age nos bastidores.
São desejos de não desejar.
As promessas serão cumpridas.
Somos na vida apenas atores!


Rio, 16 de janeiro de 2013

Nathalia Leão Garcia 



terça-feira, 15 de janeiro de 2013

NADA COMO A LUZ



Nada do que sabemos nos resguarda das surpresas da vida
Amar é abandonar-se ao sabor da emoção
Caprichosa a dança das dores e amores
Você pensa que a sua missão foi cumprida?
Melhor dizer que a estrada é comprida
O terreno é incerto, agreste, escarpado sertão.
Cegos nos guiamos pela trilha pressentida
Atravessamos rios caudalosos e campos minados
Por onde andam os nossos sensores?
Muitas dúvidas são dádivas que nos libertam.
Acolhemos as nossas inquietações.
Escolhemos abrir mão das certezas
Muitas desculpas são barreiras que nos limitam.  
Assumir a culpa é dar a si mesmo importância demasiada.
Levar-se a sério demais afasta o coração das paixões.
A canção soprada no vento nos ensina a viver desatados.
Desnudar a alma, descalçar os percalços embotados.
Inspirar o azul e expirar as cruezas.
Soltar as amarras e escancarar as janelas para a entrada da luz.

Rio, 15 de janeiro de 2013.
Nathalia Leão Garcia 


SONHOS QUE PODEMOS TER


O propósito da veiculação de um reality show na TV 
é econômico sem dúvida 
e satisfaz os apetites vorazes dos voyeurs de plantão, 
o que todos nós somos em maior ou menor grau. 
Participamos de redes sociais, nos exibimos, 
assistimos à novela cotidiana da vida dos nossos semelhantes 
e compartilhamos as nossas impressões e opiniões,
o que é altamente saudável. 
Questionamos em que medida estamos sendo preconceituosos, segregadores e arrogantes. 
Ocupamos os espaços nesta Babel que é a nossa sociedade, ora vitoriana, ora liberal. 
Uma aldeia globalizada, automatizada e imediatista. 
A superficialidade permeia a vida de todos. 
Críticas são bem vindas porque não somos iguais,
vivemos uma realidade plural, mas em que medida estamos sendo inclusivos de verdade? 
Negar que um ou outro ponto de vista possa vir à tona, 
nos afasta da possibilidade de questionar 
o quanto estamos inseridos nesta exposição de misérias humanas, 
as mesmas que nos nivelam. 
É penoso admitir as nossas pequenas mesquinharias, 
fazer esse exercício de humildade,
mas fechar os olhos para a realidade é pobreza de espírito. 

Transcrevo a letra da música “ Somos Quem Podemos Ser” do Engenheiros do Hawaii dos anos 80 que fala de um momento de abertura política em que experimentamos uma inebriante embriaguez de liberdade. 
De repente,"podíamos tudo” ilusoriamente.
A reflexão que esta música nos proporciona é muito pertinente aos questionamentos expostos:  

Letra da música “ Somos Quem Podemos Ser” do Engenheiros do Hawaii

“Um dia me disseram
Que as nuvens não eram de algodão
Um dia me disseram
Que os ventos às vezes erram a direção
E tudo ficou tão claro
Um intervalo na escuridão
Uma estrela de brilho raro
Um disparo para um coração
A vida imita o vídeo
Garotos inventam um novo inglês
Vivendo num país sedento
Um momento de embriaguez
Nós
Somos quem podemos ser
Sonhos que podemos ter
Um dia me disseram
Quem eram os donos da situação
Sem querer eles me deram
As chaves que abrem essa prisão
E tudo ficou tão claro
O que era raro ficou comum
Como um dia depois do outro
Como um dia, um dia comum
A vida imita o vídeo
Garotos inventam um novo inglês
Vivendo num país sedento
Um momento de embriaguez
Nós
Somos quem podemos ser
Sonhos que podemos ter
Um dia me disseram
Que as nuvens não eram de algodão
Um dia me disseram
Que os ventos às vezes erram a direção
Quem ocupa o trono tem culpa
Quem oculta o crime também
Quem duvida da vida tem culpa
Quem evita a dúvida também tem
Somos quem podemos ser
Sonhos que podemos ter” 

Rio, 15 de janeiro de 2013.
Nathalia Leão Garcia 




REMINISCÊNCIAS E ESCRIVIVÊNCIA

                 Carrego em mim a doce lembrança de minha avó materna que me criou. Ela partiu cedo desta vida, mas me deixou de herança s...