sexta-feira, 29 de agosto de 2014

MENSAGEM DO CORAÇÃO



Terapeutas ajudam a lidar com a dor existencial dos outros!
Acredito que quem se ocupa dos problemas do próximo tem uma grande inteligência emocional, pela empatia e solicitude.
Estes são valores cada vez mais raros e nos fazem acreditar que é possível superar as crises conhecendo-se melhor e aceitando ajuda para isso!
Há sempre um lado bom para vermos em todas as perdas!
Com a dor temos a oportunidade de aprender a ver a fragilidade e insustentabilidade da vida!
Temporária, imprevisível e assustadoramente mutável é a existência!
Não temos controle sobre nada!
A zona de conforto é a prisão mais insidiosa!
Aprender a desapegar se desprender do acúmulo de inutilidades é a meta!

Nathalia Leão Garcia  

Rio de Janeiro, 29 de agosto de 2014  


sexta-feira, 22 de agosto de 2014

A MEMORÁVEL FESTA DE ANIVERSÁRIO



Esta semana lendo a coluna da Martha Medeiros de domingo, deparei-me com as reminiscências da festa de aniversário inesquecível  dela dos seus 10 anos em que relatou a realidade das festas de antigamente sem shows de Anitta, coreografias de funk e outras pirotecnias da era tecnobrega mas eram regadas a emoção de compartilhar com os pais e familiares queridos.

Esta leitura me fez entrar no túnel do tempo e relembrar a minha inesquecível comemoração de aniversário de 10 anos.  Minha madrinha que era minha tia avó, solteira, independente e uma espécie de ídolo para mim resolveu me presentear com a minha primeira e única festa de aniversário na infância. As lembranças dessa minha história dão conta de mais um pretexto para fazer a minha terapia  de passar a limpo as minhas impressões tatuadas na memória afetiva. Da série, lembranças da infância pré-histórica!  

Faço aniversário em meio às férias de janeiro, com a debandada geral da cidade do Rio de Janeiro e no mês em que estoura o orçamento das famílias por conta dos gastos com Natal e ano novo e as fatídicas facadas do IPTU, IPVA e renovação de matrícula nas escolas.

Não era das mais populares na infância e aquele ano coincidiu com a mudança de escola particular para a pública. Eu era louca para “aparecer”, era falante, fazia teatro, dançava  mas sempre na hora de apresentar-me a minha mãe arrumava uma quizumba e lá estava eu fora das festas, além do mais para o meu desespero,  ela adorava dar show na porta da escola na entrada insultando os possíveis amigos com a declaração anti-social de que “ ninguém era bom o bastante para freqüentar a nossa casa”. Eu era por assim dizer, odiada por todos como uma unanimidade de antipatia! Arrumava assim muitas inimizades e encorajada por mamãe era uma aprendiz de lutadora de MMA! Vivia aos tapas com todos os colegas e vizinhos do bairro!

Os meus 10 anos foram ainda mais memoráveis porque minha avó Nadyr que me criou e é a responsável pelos meus melhores traços de humanidade e doçura na vida havia morrido às vésperas do Natal, um mês antes do meu aniversário.

Eis que a minha dinda Arlette que era irmã da minha avó falecida, para me compensar da tristeza organizou uma bela festa de aniversário na Confeitaria Colombo na Av. Copacabana extinta há décadas, hoje abriga uma luxuosa agência do Banco do Brasil.

Era um endereço mágico pra mim! Eu adorava a arquitetura e a decoração Art Decô! Sim , eu era um ET por me encantar com aquela “ velharia “ aos 10 anos!

Muito que bem, chegou o grande dia e a minha mãe me reservou o mimo de levar-me ao salão de beleza para fazer as unhas o que eu sonhava e ela sempre falava que era “coisa para mocinhas”  e eu era uma pirralha mesmo lendo Machado de Assis e Jorge Amado feito gente grande! Ganhei também um lindo vestido de laise rosa feito sob medida para mim e sapatinhos de verniz de pulseirinha, parecia a Dorothy do Mágico de Oz!

A platéia que não chegava a 10 pessoas incluía minha mãe, minha irmã mais nova de 7 anos, a Dinda e algumas crianças,  netos das amigas da minha madrinha.  A minha vida social era um desastre!

No grande dia tão idealizado estava eu lá vestida como uma princesa naquele luxuoso  “ palácio” com que sempre sonhei, mas estava muito triste porque sentia a falta da minha avó , do meu pai sempre ocupado que nunca estava presente, meu único tio e primos moravam em Petrópolis e eu me sentia só!

Dramática desde pequena eu sonhava em ser cantora lírica e a minha ópera predileta era Carmem que eu imitava debaixo da torrente de comentários desencorajadores de mamãe! Na hora do parabéns ao som do piano de cauda tocado pelo músico de casaca triunfal, refugiei-me no banheiro para chorar sem que ninguém me visse!

Tudo que eu queria eram os abraços dos ausentes que eu amava!

Até eu ingressar na Faculdade de Psicologia não costumava comemorar aniversário. Mas na UFRJ encontrei “a minha família aquariana” e passei a celebrar coletivamente e até hoje é a minha forma predileta de passar a data.

Este ano como de costume, estava trabalhando e descobri mais duas colegas que faziam aniversário na mesma data!

Já comemorei o meu níver de forma mais intimista “morando “ uma tarde toda numa grande livraria e foi um êxtase estar naquele lugar que povoa os meus sonhos!
Acredito que a data de aniversário é uma oportunidade para celebrar a vida e agradecer tudo que conquistamos!

Não há nada que substitua a presença das pessoas que amamos ao nosso lado, mas aprendi a não me render às lamúrias e  enxergar o lado bom da vida em cada situação.
Trabalho com organização de eventos e adoro uma festa para compensar!

Apesar dos dramas, aquele aniversário de 10 anos na Confeitaria Colombo veio à tona como inesquecível, pois tive que aprender a lidar com as faltas, a frustração e a saudade e isto me tornou uma pessoa que super valoriza as amizades e as demonstrações de afeto.

Como dizia Ghandi,  não existe um caminho para a felicidade, a felicidade é o caminho!


Nathalia Leão Garcia 


Rio de Janeiro, 22 de agosto de 2014 







terça-feira, 19 de agosto de 2014

VERSAR COM



A propósito das calorosas discussões a respeito de política, religião, sexualidade e demais temas espinhosos é preciso lembrar que dependem do ponto de vista, não há certo ou errado!

Vivemos um ano decisivo de Eleições para Presidente e Governadores no nosso país.  Acredito  fervorosamente na democracia, na conversa (versar com), no respeito às opiniões, na inclusão, na diversidade e na pluralidade de ideias!

Como me interesso por gente e política acredito que podemos aproveitar este espaço para discutir com civilidade e sem proselitismo ideias e ideais!

O debate enriquece a vida e é muito bom ver o mundo através de novas lentes! Encarcerar-se em ideias pré-concebidas envelhece e emburrece a alma! Podemos nos manifestar com educação e empatia usando de gentileza para com os que se opõem aos nossos sagrados ídolos!  

Não respeitar o direito democrático é uma atitude fascista! Acho importante manter as amizades e o nível dos comentários! O mundo já tem muita intolerância e esse é o motivo das imbecis guerras!

 "Enquanto os homens exercem seus podres poderes", pessoas morrem de fome, de diarréia e de sede!

Não importa ter razão e sim ser feliz! E trabalhar por um mundo melhor sendo melhor a cada dia para o mundo! As futuras gerações poderão agradecer por preservarmos a vida e a esperança!


Nathalia Leão Garcia 


Rio, 19 de agosto de 2014.


segunda-feira, 18 de agosto de 2014

ORNITOFOBIA


O nome parece pomposo e altivo, mascarando o seu real e prosaico significado: o medo anormal e irracional de aves. Confesso que sofro deste transtorno que se traduz na extrema angústia e medo de perder o controle. Senti-me encorajada a falar sobre este delicado assunto após assistir com muita compaixão e identificação ao relato da cantora Luiza Possi no programa Encontros com a Fátima Bernardes confidenciando sobre este ridículo calcanhar de Aquiles!  

Por este bizarro medo, desde a mais tenra idade sempre fui alvo de bullying que naquela época era apenas escárnio, chacota e encarnação mesmo!  

Uma explicação para tão estranho temor pode ter origem no fato de que a minha mãe assistiu ao filme Os Pássaros de Alfred Hitchcock quando estava grávida de mim. Relembrando o filme do mais puro terror que aborda a fobia discorre sobre a história de um casal que luta pela vida desesperadamente contra a força mortal de aves que protagonizam uma série de ataques aos cidadãos indefesos da cidade de Bodega Bay na Califórnia EUA.

Diga-se de passagem, este não é um filme apropriado para mulheres especialmente grávidas, porém mamãe foi  uma mulher singular durante toda a sua vida. Era um misto de libertária, behaviorista, neofascista e treinadora do BOPE na educação das suas filhas, dentre as quais eu sou a primogênita.

Os traumas que lembro com os pássaros são posteriores à ornitofobia instaurada. Aos meus 15 anos minha mãe fez uma de suas experiências terapêuticas comportamentais com inspiração behaviorista:  desafiou-me a entrar num viveiro de pássaros ornamentais do porte de galinhas, galos e perus no sítio de um amigo da família a quem eu gostava de impressionar pela bravura.  Eu tinha uma reputação a zelar, era a mais velha de uma tropa de 5 crianças e era tida como intrépida e destemida, pois havia matado uma cobra coral a tiros de espingarda para proteger os petizes!  Pois muito que bem, entrei no tal covil das feras que era fechado e diante da platéia incrédula,  fechei os olhos e “ saí fora do meu corpo” enfrentando o medo. Aos calafrios vertiginosos sentia o bater das asas dos pássaros em fuga, roçando na minha pele,  meu coração saltando pela boca  e eis que eles sumiram sem deixar rastros! Ufa! Sobrevivi a esta prova de fogo!

Anos mais tarde, já na Faculdade de Psicologia na UFRJ, fazia estágio em Psicofarmacologia no Instituto de Psiquiatria que consistia em observar os pacientes em seu horário de lazer no pátio da clínica e eis que surgem do nada um pequeno exército de pombos,  patos, gansos, marrecos, pelicanos , flamingos , galinhas , perús ... e derivados alegremente interagindo com os doentes em recreio! Foi o pior mico da minha vida, não consegui controlar a minha reação de pavor, saí correndo aos gritos diante dos olhares de pena dos internos! Soube depois que o convívio com os emplumados fazia parte da terapêutica dos internos. Estava acabada a minha carreira como Psicóloga depois deste vexame no hospital psiquiátrico, mas não desisti e ainda tentei estagiar no Pinel!

Outro episódio memorável ocorreu alguns meses depois, quando atravessava a Praça XV rumo às Barcas na companhia de uma amiga que estudava Medicina na UFF em Niterói: um pombo preto cismou de pousar na minha cabeça e se aninhar nas minhas longas madeixas!  Desmaiei como efeito e acordei sendo socorrida pela minha amiga e rodeada de uma multidão de curiosos!

Desde pequena provoquei mudança nos hábitos alimentares da família porque não aceitava visitar aviários nem tampouco comer aves de qualquer espécie! Costumava fazer discursos a favor das pobres criaturas para convencer outras pessoas a excluir carne de aves do cardápio! Tornei-me macrobiótica aos 18 anos para evitar os encontros desagradáveis com as tais criaturas!

O meu problema maior é deflagrado quando as aves levantam voo, a simples lembrança das penas das asas me arrepia toda e tenho vertigens!

Há alguns anos venho controlando os ataques de ansiedade com meditação e auto hipnose. São técnicas para lidar com os desagradáveis sintomas.

Teorias apontam o medo como um fator de sobrevivência que nos preserva de perigos de morte, como no experimento com ratos que ficaram na mesma caixa com uma cobra, os que sobreviveram não a enfrentaram ficando parados. Na vida em geral, quando o medo é exacerbado nos paralisa e impede de viver. O excesso de controle nos isola do convívio que nos amedronta e nos impõe um cárcere estéril e asséptico. 

A cura  passa pela busca do entendimento e elaboração dos significados simbólicos do sofrimento e dos sintomas desenvolvidos, bem como a  elucidação dos ganhos secundários obtidos desses.


Nathalia Leão Garcia 


Rio de Janeiro, 18 de agosto de 2014 


                           
Alfred Hitchcock_- cena do filme "The_birds"

REMINISCÊNCIAS E ESCRIVIVÊNCIA

                 Carrego em mim a doce lembrança de minha avó materna que me criou. Ela partiu cedo desta vida, mas me deixou de herança s...