quinta-feira, 13 de setembro de 2018

ANÁLISE CRÍTICA FILME TEMPOS MODERNOS DE CHARLES CHAPLIN







Tempos modernos é um genial clássico filme dirigido e atuado por Charles Chaplin, onde a moderna e competitiva sociedade da época de Revolução Industrial é retratada de forma irônica, porém correta. Os exageros servem para evidenciar os prejuízos que o ritmo moderno, acelerado, pode trazer ao homem. 

O filme retrata as mazelas do Capitalismo e critica a situação da época pós crise da Bolsa de NY de 1929 em Wall Street - EUA, com um humor ácido, abordando os malefícios de uma sociedade industrial e consumista. Visando a todo custo o lucro e o aumento da produção, o patrão sacrifica seus funcionários, levando-os ao extremo do desgaste pelo trabalho.

Destaco a brilhante imagem na cena de abertura mostrando ovelhas em trote acelerado, enquanto na transição vemos homens, uma multidão, saindo do subterrâneo dos trens, uns indiferentes aos outros, cada um preocupado com sua própria vida.

Com um humor ácido, Chaplin aborda os malefícios de uma sociedade industrial e consumista. Em prol de lucro e produção, o patrão sacrifica seus funcionários, levando-os ao extremo do desgaste pelo trabalho. A repetição e a alta carga horária são outros pontos mostrados de forma ímpar.

A repetição de tarefas mecânicas, a alta carga horária das jornadas, a falta de privacidade até no banheiro, as humilhações e constrangimentos são pontos mostrados pelo gênio Chaplin com as consequências nefastas para a saúde social, física e psicológica dos trabalhadores, retratadas na absoluta falta de equipamentos de proteção e o desgaste que uma linha de montagem absolutamente repetitiva sobre os homens. Chaplin é submetido a uma pressão absurda e acaba surtando, é internado num hospital psiquiátrico para sanar a crise nervosa, esforços repetitivos de um trabalho monótono, insalúbre e sem nenhuma criatividade.

Os operários se submetiam a uma forma de produção em que não era mais de acordo com suas condições físicas e psicológicas, mas sim uma forma de produção que visavam maior lucro independente das condições de seus trabalhadores.

Chaplin vivia o personagem Carlitos, em que era trabalhador em uma grande indústria, fazia em seu trabalho sempre a mesma coisa, diferenciando dos dias de hoje em que o mercado de trabalho quer profissionais polivalentes, mesmo realizando sempre a mesma atividade, o mercado exige que essa profissional conheça o produto final e outras diversas atividades dentro da indústria.
Não só Carlitos, como muitos outros operários viviam a exploração dentro das fábricas devido à busca do lucro pelos proprietários, fazendo com que eles fizessem suas atividades muito mais rápidas para obter um produto final em menos tempo, fazendo seu trabalho de acordo com a máquina.
Na realização de sempre a mesma atividade, Carlitos teve um colapso nervoso, não conseguindo mais parar de fazer os movimentos que fazia muito rapidamente dentro da fábrica, sendo levado a um hospital. Após Carlitos sair do hospital curado, encontra a fábrica fechada, e ao buscar outro emprego é confundido com líder comunista e vai para cadeia. Na cadeia ele frustra uma tentativa de fuga de outros presos e é liberado da prisão conseguindo uma carta de recomendação por uma autoridade. Porém, mesmo com uma boa recomendação, Carlitos não conseguia se manter em outro emprego, pois na fábrica em que trabalhava, era alienado fazendo sempre o mesmo trabalho, desta forma não sabia fazer mais nada além de apertar parafusos.
Carlitos em outro emprego, ao realizar uma tarefa fácil de encontrar um pedaço de madeira parecido com o que possuía em mãos, tarefa tão fácil quanto apertar parafusos, mas não usando raciocínio, essa tarefa trouxe consequências desastrosas.  Não conseguindo assim outro emprego, Carlitos fazia de tudo para voltar para a prisão.
Retratada no filme, uma sociedade em caos, com grande crise de desemprego Carlitos conheceu uma moça que vivia grande miséria, roubando comida para sobreviver, não tinha mãe e seu pai estava desempregado, seu pai foi morto, mostrando também a violência nas ruas na época. Para não ir para um abrigo, ou adoção ela foge.
Carlitos consegue seu emprego de volta na fábrica, mas logo depois os funcionários entram em greve novamente, e em meio à confusão ao jogar sem querer uma pedra em um policial, ele é preso novamente.
Ao sair da prisão, Carlitos se encontra novamente com a jovem, que havia conseguido emprego como dançarina em um restaurante mostrando o trabalho infantil até mesmo noturno em que hoje existem leis a serem seguidas mediante contratação de menor. Retratando também nessa parte do filme a inserção da mulher no mercado de trabalho. A jovem consegue também um emprego no restaurante para Carlitos, porém a jovem tida como vagabunda, foi procurada pela polícia, mas conseguiu fugir com Carlitos.
O filme retrata o cotidiano de operários oprimidos, não têm nenhum valor para os donos das fábricas. Os que reclamam em greves e protestos são demitidos e presos como o próprio personagem Carlitos. Há muitos desempregados que permanecem na marginalidade e sem acesso a nenhuma proteção social.
As greves e manifestações dos empregados eram agressivamente reprimidas pelas autoridades, defendendo dessa forma os interesses da classe dominante. Mas a partir de greves, hoje existem melhores remunerações, diminuição da jornada de trabalho e melhores condições para o trabalhador. Porém, o homem dos tempos atuais ainda é escravo do tempo e da produtividade muito embora tenhamos melhorado as condições através da união dos operários em associações e sindicatos que negociaram leis que protegem mais os trabalhadores. Porém com a globalização, alta conectividade, inteligência artificial, competição cada vez maior do mercado e a substituição do trabalho humano por máquinas progressivamente mais eficientes, o homem se vê na obrigação e pressão por se aperfeiçoar e capacitar mais para manter-se empregado. Porém, ainda não há claramente um domínio das máquinas em todos os setores, principalmente no setor de serviços nos países menos desenvolvidos tecnologicamente.  

Fica a reflexão para a sombria perspectiva de um futuro em que as máquinas substituirão a mão de obra humana em grande parte originando a classe de pessoas inúteis como retrata o historiador e escritor israelense Yuval Harari onde não apenas os profissionais fiquem desempregados mas se não conseguirem se reinventar ficarão à margem do mercado de trabalho.

Nathalia Leão Garcia

Rio de Janeiro, 13 de setembro de 2018.





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