terça-feira, 4 de março de 2014

BLOCO CIRANDA POÉTICA DUETOS

Inauguramos o Bloco de Ciranda Poética com o dueto Grito de Carnaval com minha amiga e poeta Josette Garcia e eu rasgando o verbo com poesia e ousadia. 




Preciso de um verbo.
Mas tem que ser preciso,
que se reverbere,
faça-se conciso,
emane-se precioso.
Um verbo definitivo.
Definitivamente 
indireto ou infinitivo,
um verbo qualquer,
com regra ou não...
Pra devorar, mastigar, triturar.
Digo, literalmente 
preciso rasgar um verbo.
Pode ser reza, 
pode ser palavrão, 
fazer trova, verso.
Quero virá-lo ao avesso,
usá-lo veementemente
sem qualquer moderação.

Josette Garcia
http://josettegarcia.blogspot.com.br/2013/06/preciso-de-um-verbo.html

EVOCAÇÃO

Evoco e vocalizo um verbo passivo.
Um verbo divino, escandalizado e abolido.
Verbo dessacralizado, desmesurado e explosivo.

Preciso desse verbo que faça estremecer o chão,
que desmoralize as certezas, 
e abale as estruturas da razão.

Meu verbo preferido grita até calado.
Não cabe nos guetos nem nas mansões.
Provoca terremotos e destruição,
arranca das garras do apego,
liberta da acomodação.

Esse verbo indefinível não acusa,
é bandido, burla leis,
foge e não vai preso.
Subverte o poder dos reis.

Verbo que desdobra as dobras do tempo
Não cobra, negocia os vacilos.
Meu verbo excomungado frequenta os submundos
É mal falado e convive com os vagabundos.

Camufla-se no meio da procissão.
Comunga e pede redenção.
Desperta piedade e inspira lamento.

É volátil, volúvel, desfrutável e inútil.
Meu verbo direto exorta os demônios
e absolve os pecados do mundo.

Nathalia Leão Garcia


                                                                      Joan Miró

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