sexta-feira, 31 de agosto de 2012

O QUÊ VOCÊ VAI FAZER?



Ressuscitar os olhares inertes.
Arrebatar paixões trôpegas.
Acordar os sonhos hibernados.
Flamejar os sentidos mornos.
Reencontrar emoções perdidas.
Cuidado com o que você deseja 
um dia o objeto do seu desejo pode ser seu,
e o que você vai fazer com isso?
Confundir tesão e afeição
Trocar o corpo pela alma
Cambiar amor por aceitação
Perder a cabeça pela pressa.
Saber que tudo tem um preço
que por mais que alucine
vai valer a pena 
eu mereço!?

Nathalia Leão Garcia

Rio, 31 de agosto de 2012.



terça-feira, 28 de agosto de 2012

ANUNCIAÇÃO



"Eu gosto da vida porque não tenho para onde ir..."
Esta frase convida pra festa,
namorar ao som de guitarras enluaradas,
sonhar com a luz que desgoverna as manhãs.
Ouvir a seresta desvairada que incendeia e entontece.
Vamos nos embalar no frisson dessa mutável dança,
nos despir da rotina inútil das horas.
E reinventar aquele sorriso desavisado de criança,
se enredar na teia que o imprevisível  tece
pra nos guiar nos labirintos das linhas desgarradas!

Nathalia Leão Garcia

Rio, 28 de agosto de 2012.


domingo, 26 de agosto de 2012

PACTO



As expectativas destroem as rimas. 
As cobranças corroem os risos.
Os compromissos extraviam os sonhos.
Os roteiros subtraem o espontâneo.
As invenções inventam solidões.
As ilusões cobram decisões.
Em que ponto do caminho nos perdemos?
Será que podemos corrigir o rumo?
Proponho um brinde ao amor que temos. 
Podemos sobreviver aos desenganos.
Reescrever a história com tintas mais finas.
Escancarar as janelas para o infinito.
Decretar a vitória da paz.
Entoando belas canções. 
Ecoando pelos quatro cantos.


Nathalia Leão Garcia
Rio, 26 de agosto de 2012.



DEMASIADO


A voracidade devora os dias.
A sede embriaga a vontade. 
A fome sacia o desejo.
A volúpia interdita as vias.
A benevolência encharca a bondade.
A malícia aniquila o beijo.
A fantasia alimenta o sonho
É a poesia que componho para pedir mais e mais. 
  

Nathalia Leão Garcia
Rio, 26 de agosto  de 2012.


PORTAIS POÉTICOS


A poesia navega no barquinho das nossas ilusões 

pelos rios caudalosos da vida,

trafega nas noites insones enluaradas,

transita também pelos dias ensolarados

buscando afeto e aceitação.



Nathalia Leão Garcia


Rio, 26 de agosto  de 2012.



quarta-feira, 22 de agosto de 2012

IMPUBLICÁVEL



Ouso dizer que como poeta, faço parte de uma confraria. 
Somos membros de uma irmandade secreta 
a exemplo das grandes fraternidades seculares.
Poetas são seres meio marginais, meio magos, 
que envergam vestes soturnas.
Escondem-se entre escombros, 
guardam mistérios a sete chaves.
Poetas são alquimistas. 
Lidam com poções mágicas, 
camuflam receitas cifradas.
Poetas são malditos, insanos, perturbadores.
Quem gosta dos que cultuam feridas e dores?
O lado solar dos poetas é fugidio, bissexto!
Não são confiáveis estes bastardos!
A arte os blinda e protege da contaminação com o vulgar.
Poetas não são amantes da banalidade!
Detestam os lugares comuns!
A insatisfação e o inconformismo tatuam a alma dos poetas.
Há uma aura de Hermes que os absolve!
Possuem passe livre entre o céu e o inferno!
Os poetas não se intimidam com a divisão entre o bem e o mal!
Não pertencemos a nenhuma pátria!
Somos clandestinos e imorais!

Nathalia Leão Garcia 

Rio, 22 de agosto de 2012. 







SINA


A nossa sina poeta é botar o dedo na ferida.
Estancar a sangria das dores pungentes.
Iluminar os caminhos escuros com as nossas palavras reveladoras.
Somos esses loucos que deliram nas noites vadias.
Insistimos em ardores insidiosos.
Provocamos os demônios.
Encaramos as feras e fantasmas.
Mas, ficamos fora das festas.
Só nos convidam pros enterros.

Nathalia Leão Garcia 
Rio, 22 de agosto de 2012. 


terça-feira, 21 de agosto de 2012

TRÂNSITOS


Saturno representa o que temos de levar a sério, o peso da existência, o concreto, o material, o que precisamos respeitar.

Vênus é a imagem do que sentimos, como amamos, o quê amamos. A atração, a beleza, a suavidade.

Precisamos assegurar o nosso sustento e atravessar os desertos, cuidar das feridas, juntar os cacos.

Mas, o nosso eterno sonho de aconchego, de amparo e colo nos faz buscar o amor, o encontro com o outro.
Prazer e dor às vezes se confundem em tortuosos passos.
Para alcançar o que desejamos às vezes nos oferecemos a doces torturas.
Os jogos adultos nos fragmentam e deixam aos pedaços.
Mas, só o próprio sujeito pode recolher seus estilhaços e reinventar-se!
As minhas lacunas só eu posso preencher.
Manter a minha criança interior me resguarda da perda do que tenho de melhor.
Os descaminhos nos levam a nos afastar da nossa natureza.
A escolha é solitariamente individual.
Somos responsáveis pelas nossas escolhas.
O traçado da travessia faz toda a diferença.
Por isso, vivo com intensidade as perdas, o luto, os danos até o mais fundo.
Experimento a minha fragilidade na sua expressão absoluta.
Porém quando volto à tona, ressurgida das cinzas,
me revigoro e renasço como Fênix do fogo!


Nathalia Leão Garcia 

Rio, 20 de agosto de 2012. 



segunda-feira, 20 de agosto de 2012

POESIA EM LARANJEIRAS!



Programa que recomendo!

Sarau de poesia: A Casa da Leitura está promovendo toda

quinta-feira, a partir das 18h30min, um sarau poético em

sua sede no bairro de Laranjeiras. O evento conta com a

presença de leitores, poetas e apreciadores de poesia. A

palavra estará franqueada a todos os que quiserem ler e

mostrar seus poemas. O evento é mais uma iniciativa do

Proler e da Fundação Biblioteca Nacional. O endereço é :

Rua Pereira da Silva nº 86, Laranjeiras.

Vamos compartilhar momentos de pura magia com a
Poesia!

Nathalia Leão Garcia ‎ e Marcelo Ottoni  participam do Sarau de Poesia da Casa da Palavra 
"Quero espalhar a boa notícia por aí, de que a poesia tem um abrigo, um lugar seguro pra brincar de encantamento, de que a poesia tem uma casa sem muro, onde as palavras se acham e correm atrás do vento." - Marcelo Ottoni C Menezes

TRAVESSIA



A vida é uma jornada. 
Temos que nos desapegar das velhas e confortáveis situações para crescer. 
Enfrentar nossos medos e demônios internos. 
Nada mais limitador do que nossos próprios medos. 
Alçar voo é nosso destino. 
Porém, não é sem dor que nos despedimos de quem somos, dos nossos costumes.
O novo traz o sopro da vida que se renova.
Porém, não temos que sofrer sozinhos.
Temos uns aos outros como companheiros neste caminho.
Podemos dividir o peso da existência com os irmãos.
Os de sangue e os de sonhos.
Estamos juntos para partilhar os riscos.
E fazer os rasgos e deixar rastros.
O caminho pressentido nos angustia.
Descobrir-se, abrir as portas, 
percorrer os escuros corredores.
Essa é a metáfora da vida.
Desvendar os mistérios dos nossos confins.
É um caminho particular, porém comum.
Não se espante e cante!
Vamos dar as mãos! 
O que é isso companheiro?
Somos todos e somos um.

Nathalia Leão Garcia 
Rio, 20 de agosto de 2012. 




sexta-feira, 17 de agosto de 2012

FÚRIA


A tua poesia rasga as vestes da hipocrisia.
Furiosa decreta o fim da monotonia,
infiltra-se deliberadamente e posseira.
Desnuda as almas e desabriga os dias
que definham suspirando
sem eira nem beira,
simplesmente porque amam
e por amar viverão em busca de aprovação
por um beijo ou por perdão.


Nathalia Leão Garcia 
Rio, 17 de agosto de 2012. 




SENTIMENTO PROFUNDO


Emoção deságua em lágrimas
pela beleza das palavras.
O nó que se faz na garganta.
A busca do sentimento de família perdido.
Onde está o valor das coisas que esquecemos?
Desabo inundada por essa avalanche de humanidade.
Por quê me entrego aos caprichos do coração?
O que resta de mim
além das fronteiras do que sinto?
A vida tem tão pouco sentido
além do amor.
Não quero pódio nem premio.
Quero colo.
Quero morar num abraço.
Neste milênio
o que preciso é achar o meu pedaço.
Encontrar o calor
do meu verbo abolido.
E nunca mais me desfazer da lembrança
das manhãs em que o sol me atravessa
e acalenta meus sonhos de algodão.

Nathalia Leão Garcia 
Rio, 17 de agosto de 2012. 




terça-feira, 14 de agosto de 2012

REALEJO

Sou eu que assino no ensejo

Leve como num lampejo


Também com todo pejo


Desejo mandar-te um beijo!




Nathalia Leão Garcia 
Rio, 14 de agosto de 2012. 


quarta-feira, 8 de agosto de 2012

CIRANDA



Se eu te contasse
do desalinho do meu coração...
você me daria abrigo
ou  desapareceria na escuridão?

Se eu te desse
o mapa da mina pra minha vida...
você encontraria repouso
ou faria da imensidão a tua saída?

Se eu te falasse
Das batalhas que perdi...
Você se juntaria ao meu bando
Ou viraria a casaca e sairia por aí?

Se eu te dissesse
Que eu já senti medo do breu...
Você tomaria conta de mim
ou fingiria que o mundo e só seu?

Nathalia Leão Garcia 
Rio, 08 de agosto de 2012. 

Gustav Klimt " mulher chorando"

terça-feira, 7 de agosto de 2012

MANIFESTO


Desejo leveza e simplicidade
pra transformar as controvérsias
alquimicamente em poesia.
Orgasmos múltiplos para comemorar
a libertação das tranqueiras
que não tenho que carregar! 
Declaro que sou livre
não me prendo a grilhões.
Sou da raça das guerreiras.
Misturo fé e heresia.
Gosto de ser do meu jeito.
Não me escondo atrás de trincheiras.
Já gerei filhos.
Hoje concebo poemas.
Por me desgarrar dos trilhos
paguei alto preço.
Convido o tempo
com disciplina e respeito.  
O senhor poderoso, com a idade
me ensina a transformar
audácia em doce rebelião
e fazer a ansiedade
se desdobrar na paciência
e na paz que me faz canção.

Nathalia Leão Garcia 
Rio, 07 de agosto de 2012. 

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

RELIGARE




Sou o que penso
Penso o que acredito
Acredito no que sinto
Sinto o que me interessa.
Não preciso de sacerdotes que me mostrem
Caminhos que se distanciam de mim
que me aproximam dos desertos
que me afastam da paz  
A paz que reside no silêncio do meu interior.
Não quero ritos nem mitos
Posso viver com simplicidade.
Felicidade é uma viagem não um fim.

Nathalia Leão Garcia
Rio, 06 de agosto de 2012.





sexta-feira, 3 de agosto de 2012

RELICÁRIO DE AMOR



Benditos sejam os seus versos!
As suas profundas palavras
arrancadas da escuridão
me arrebataram e ressuscitaram
do limbo e das trevas da solidão.
Aplacaram os fantasmas,
desmascararam as farsas
que teimam em assombrar meu coração.
Quero que você me tome inteira
não se negue nem cale o que sente,
abra de vez todas as arcas,
que se exponha sem restrição
Prometo caminhar com muito cuidado,
cuidar do tecido frágil e delicado
que reveste a pele das suas entranhas.
Quero afugentar de vez esta dor estranha
e que na face só rolem lágrimas de paixão.


Nathalia Leão Garcia
Rio, 03 de agosto de 2012.



TEMPERO



Condimentar a vida com pimenta,
colorir tudo que antes era cinzento, 
saborear todas as posições
espantar os fantasmas e as dores desnecessárias
Movimento, mudança, renovação, revolução!
O vertiginoso rodopiar de tudo que invento.
Não adianta resistir.
Vou me deixar fundir com o tempo.

Nathalia Leão Garcia
Rio, 03 de agosto de 2012.



INDEFINIÇÃO



O querer que não sossega
A pulsão que me domina
A falta que maltrata
A dualidade que define
Vontade que me alucina
Pra quê resistir a essa entrega?
A vida nem sempre é correta
Pra todo o lado que me incline
Vejo uma vontade pirata
Que me conquista e sequestra
Parte de mim quer seguir a seta
A outra prefere a direção oposta
Na dúvida, fico com as duas.

Nathalia Leão Garcia
Rio, 03 de agosto de 2012.



quarta-feira, 1 de agosto de 2012

SINFONIA DO SILÊNCIO


  
Desejo e medo
Escuridão e luz 
Som e silêncio
Tudo tem o seu reverso, 
matéria e anti-matéria.
Somos feitos dessas contradições.
A fúria santa que traz a paz.
Criando expectativas surreais 
sobre o que o outro nos dará,
subvertemos a verdadeira ordem.
Sejamos o que somos
sem esperar nada em troca.
Sejamos instrumentos de doação. 
Ofereçamos o fruto da nossa árvore
gratuitamente, generosamente.
Assim a corda se estica e se molda
sem se arrebentar e sem se perder.
Despudoradamente e libidinosamente.
Como o prazer da flor é se oferecer,  
doar seu néctar para o beija-flor 
que poliniza a terra, 
espalhando seu amor.

Nathalia Leão Garcia 
Rio, 01 de agosto de 2012 



REMINISCÊNCIAS E ESCRIVIVÊNCIA

                 Carrego em mim a doce lembrança de minha avó materna que me criou. Ela partiu cedo desta vida, mas me deixou de herança s...