sábado, 20 de outubro de 2012

DESAFIO




Aos que fazem da arte a sua vida!

Aos que se entregam aos caprichos das palavras!

O dom da poesia nos tira dessa insanidade.

Nos livra da falta de sentimentos.

Nos permite bailar nos precipícios.

Nos equilibrarmos no tênue e frágil balanço da partida!

Desafiando a rotina

Bradando aos quatro ventos como menestréis

Desafiando a lei do silêncio

Elevando a voz sem preocupação com decibéis.

Viva aos que se expõe em carne viva!


Nathalia Leão Garcia 


Rio de Janeiro, 20 de outubro de 2012



DEVANEIOS



Certos concertos nos desconcertam.
A ilusão da certeza vã.
Pra enganar a crueza vazia.
Pra quê disfarçar a tristeza?
Disfarça a tez pra aliviar a palidez.
Sorrateira a preguiça rouba os sonhos.
Buscar a felicidade demanda suor e esforço.
Sorrisos e lágrimas colorem meu rosto.
Proponho expor as veias e as vias.
Luto como mulher e filha da falta.


Nathalia Leão Garcia 


Rio de Janeiro, 20 de outubro de 2012



quinta-feira, 18 de outubro de 2012

HAICAIS



Amo o azul



Liberdade é azul




Os verões são crus.



Seresta desvairada

Incendeia entontece


Vagueia
a noite despe.


Os medos se medem 


Pelos gritos grávidos
 


Na noite nua 





A liberdade do não


A prisão do sim

A armadilha do talvez.




Nathalia Leão Garcia 



Rio de Janeiro, 17 de outubro de 2012



sexta-feira, 12 de outubro de 2012

ANJOS CAÍDOS


Casal sem asa.
Anjos caídos.
Amor não tem lógica.
Não obedece a teoremas. 
Pessoas desvitalizadas e empobrecidas
se fundem na personalidade do outro simbioticamente
Essas coleções de nós mesmos que nos habitam
nos emprestam elasticidade e vitalidade
É esse movimento individual dos que nos povoam 
que mantém nossa centelha acessa. 
Infantilizados ou adultecidos, 
Nuances da curiosa idade.
Amadores e desengonçados
Engatinhamos em busca de algo que nos defina.
Entre dramas e comédias 
nos equilibramos na corda bamba da vida.

Nathalia Leão Garcia 
Rio,12 de outubro de 2012. 




sábado, 6 de outubro de 2012

RÉQUIEM PARA UM AMOR FINITO



Quero publicar o meu despertar.
De hoje em diante, declaro-me livre do desespero!
Não aceito mais ser parte do seu entulho!
Não habito mais este navio fantasma!
Busco salvar-me deste naufrágio.
O barco das ilusões afundou.
Vou revelar que saí dos escombros indefiníveis.
Dispo as vestes da escuridão.
Reconheço a fragilidade.
Acolho a minha limitação.
Não há o que fazer!
Declaro que abandonei o que nunca foi meu.
A minha alma baila sobre os precipícios.
Desapego-me do incômodo estreito.
Deixo você na sua zona de conforto.
Sitiado pelo medo que te esconde da vida.
Legitimado pelas preocupações comezinhas.
Blindado na sua insensibilidade
Absolvido pela falta da condição de entrega.
Na ilusória sensação de estabilidade.
Observo o murundu onde você se esconde.
A metáfora perfeita para o que não tem valor.
Não tenho para onde ir.
Recuso-me a sucumbir à banalidade.
E volto a buscar a surpresa dos dias.
Não quero mais recolher estilhaços no caminho!
Guarda contigo as nossas melhores lembranças.
Quero de volta as brincadeiras de criança!
Deixo para ti a poesia que compus.
A linguagem que traduz meu desalinho.
Devolvo para ti as tuas mentiras.
Refaço o cenário para a dança!
Abrem-se as cortinas para a entrada da luz!


Nathalia Leão Garcia 
Rio, 06 de outubro de 2012. 


REMINISCÊNCIAS E ESCRIVIVÊNCIA

                 Carrego em mim a doce lembrança de minha avó materna que me criou. Ela partiu cedo desta vida, mas me deixou de herança s...