O propósito da veiculação de um reality show na
TV
é
econômico sem dúvida
e satisfaz os apetites vorazes dos voyeurs de
plantão,
o
que todos nós somos em maior ou menor grau.
Participamos
de redes sociais, nos exibimos,
assistimos
à novela cotidiana da vida dos nossos semelhantes
e
compartilhamos as nossas impressões e opiniões,
o
que é altamente saudável.
Questionamos
em que medida estamos sendo preconceituosos, segregadores e arrogantes.
Ocupamos
os espaços nesta Babel que é a nossa sociedade, ora vitoriana, ora
liberal.
Uma
aldeia globalizada, automatizada e imediatista.
A
superficialidade permeia a vida de todos.
Críticas
são bem vindas porque não somos iguais,
vivemos
uma realidade plural, mas em que medida estamos sendo inclusivos de
verdade?
Negar
que um ou outro ponto de vista possa vir à tona,
nos
afasta da possibilidade de questionar
o
quanto estamos inseridos nesta exposição de misérias humanas,
as
mesmas que nos nivelam.
É
penoso admitir as nossas pequenas mesquinharias,
fazer
esse exercício de humildade,
mas
fechar os olhos para a realidade é pobreza de espírito.
Transcrevo
a letra da música “ Somos Quem Podemos Ser” do Engenheiros do Hawaii dos anos
80 que fala de um momento de abertura política em
que experimentamos uma inebriante embriaguez de liberdade.
De
repente,"podíamos tudo” ilusoriamente.
A
reflexão que esta música nos proporciona é muito pertinente aos questionamentos
expostos:
Letra da
música “ Somos Quem Podemos Ser” do Engenheiros do Hawaii
“Um dia me disseram
Que as nuvens não eram de algodão
Um dia me disseram
Que os ventos às vezes erram a direção
E tudo ficou tão claro
Um intervalo na escuridão
Uma estrela de brilho raro
Um disparo para um coração
A vida imita o vídeo
Garotos inventam um novo inglês
Vivendo num país sedento
Um momento de embriaguez
Nós
Somos quem podemos ser
Sonhos que podemos ter
Um dia me disseram
Quem eram os donos da situação
Sem querer eles me deram
As chaves que abrem essa prisão
E tudo ficou tão claro
O que era raro ficou comum
Como um dia depois do outro
Como um dia, um dia comum
A vida imita o vídeo
Garotos inventam um novo inglês
Vivendo num país sedento
Um momento de embriaguez
Nós
Somos quem podemos ser
Sonhos que podemos ter
Um dia me disseram
Que as nuvens não eram de algodão
Um dia me disseram
Que os ventos às vezes erram a direção
Quem ocupa o trono tem culpa
Quem oculta o crime também
Quem duvida da vida tem culpa
Quem evita a dúvida também tem
Somos quem podemos ser
Sonhos que podemos ter”
Rio,
15 de janeiro de 2013.
Nathalia
Leão Garcia