Blog de poesias e pensamentos de Nathalia Leão Garcia. Sala de vistas aberta aos curiosos, espaço para troca, onde me exponho para dividir meus conhecimentos e estudos. Aqui recebo as contribuições abertamente. Este é meu divã, onde expurgo os males e demônios interiores. Proponho-me à discussão de opiniões e pontos de vista diversos. Estou aberta para dádivas, dúvidas e aqui recebo os preciosos nutrientes do afeto e acolhimento.
quinta-feira, 31 de outubro de 2013
ARTIFÍCIOS ANTINATURAIS
O amor é feito de pequenos gestos.
Palavras ocas não traduzem afeto.
Declarações vazias e sem valor.
Na falta da emoção verdadeira,
Cria-se uma relação virtual.
Quando as aparências disfarçam
A incapacidade de sentir na real,
Mentiras e tons de cinza se entrelaçam.
O banquete serve aos falsos e descarados.
Aceita-se migalhas à prestação.
O importante é aparecer bem na foto.
São tempos de engôdos deslavados.
As farsas são a dura ilusão.
Que se carrega pra casa por pura solidão.
Toma-se mais um trago amargo de fel.
Pra engolir o copo de cólera.
E fingir que a dor tem sabor de mel.
Nathalia Leão Garcia
Rio, 1º de novembro de 2013.
IMPERMANÊNCIA
Pra não falar que só falei das dores.
Falo hoje das minhas glórias.
Das manhãs de sol em que estou viva!
Não me lembro dos meus fracassos.
Só recordo das minhas vitórias.
Minha memória é seletiva.
Mas a felicidade é ruidosa,
Suscita a inveja alheia.
Espreita nas sombras insidiosa.
Porém ouso enfrentar a cara feia.
Seleciono escolhas e cores.
Que guiarão meus rabiscos.
Não me enredo na perigosa teia.
Sou livre pra viver a minha história.
Pago os preços e assumo os riscos.
Nathalia Leão Garcia
Rio, 31 de outubro de 2013.
sexta-feira, 11 de outubro de 2013
FOGUEIRAS SEM VAIDADES
Deusa Héstia
Onde foi que perdi aquele olhar?
Quando desisti da esperança?
Talvez tenha sido um sonho
Um lugar distante há anos luz
Num breve instante de descuido
Ou num piscar de olhos displicente
Larguei a fé pelo caminho sem fim.
Mas ficou tudo tatuado na memória
A impressão
digital do meu viver.
Na viagem
astral fora do meu corpo
Visitei o que fui ou o que restou de mim.
Mesmo que seja uma miragem.
Me recuso a abandonar a mortalha do cansaço.
Faço rebelião contra o destino.
Meus passos eu mesma traço
Não sigo a massa!
Bendigo a liberdade que alcanço.
Luto pelo espaço para minha alma.
Não me escondo nas sombras, prefiro a luz.
Não abro mão dos meus valores.
Sou pura, nua e crua.
Me exponho lenta e calma.
Renasci das cinzas das dores.
Corro com o vento e me reinvento.
Sou errante e errática.
Gosto de andar descalça.
Acordo cantando o hino
A maturidade me trouxe todas as cores.
Vôo com os pássaros e namoro os azuis.
Me colo nos fragmentos do que ensino.
Encontro um colo que me abriga.
O que busco me abraça.
Nathalia
Leão Garcia
Rio de Janeiro, 12 de outubro
de 2013
Pablo Picasso - Mulher com livro 1932
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