Sempre discuti política em casa desde criancinha. Herdei esta verve dos
meus pais e avós. Cresci numa família de revoltados. Meu pai comunista Marxista
de carteirinha, jornalista combatia os governos militares, era de um humor
deliciosamente sarcástico, tinha por livro de cabeceira O Capital de Karl Marx,
filosofava em inglês, francês, italiano, alemão e tinha amigos em todos os
botecos da cidade, pois apreciava por demais os fortes venenos lícitos ou não.
Ele era fã de Tom Jobim e Vinicius de Moraes e adorava o sol! Tínhamos querelas
homéricas eu e ele. Ele era brizolista roxo e isso somado ao fato de se
declarar marxista rendia altos embates porque simplesmente eu achava que as
ideias dele não correspondiam aos fatos e não entendia as suas contradições, o desafiava
a dividir seus ternos Armani, seus sapatos de couro alemão, seu whisky
importado 12 anos com os companheiros da sarjeta e pronto... se desfazia a
máscara. Definitivamente me acostumei a contestar as falácias e incongruências.
Meu avô materno era militar e foi cassado pelo AI1 no golpe militar de 1964, o
caldeirão fervia lá em casa e a sociedade dos fins dos anos 60 era muito
propício aos debates e embates políticos. Meu avô era linha dura, mas formou-se
em Direito com Evandro Lins e Silva e era amigo de Miguel Arraes. Todos tinham
polarizações e fortes opiniões e meu passatempo predileto desde cedo era
raciocinar em cima destas posições e suas vertentes. Tive uma fonte rica para
beber no campo da literatura, era mania de ler na minha casa, contestar os
políticos e todo o tipo de discussão. Minha mãe era fã de Carlos Lacerda ,
trabalhou com ele no tempo do seu Governo neste Estado outrora chamado de
Guanabara. Minha mãe era fã de feministas revolucionárias como Marisa Raja
Gabaglia, Heloneida Studart, Leila Diniz, Elis Regina e Simone de Beauvoir.
Esta formação fez com que me torna-se contestadora e interessada na
participação civil. Tinha Jornal e Partido Político na Escola desde o Ensino
Fundamental, assim que ingressei na UFRJ fui à uma reunião na UNE que era uma
organização que eu fantasiava com toda a minha inocência como um reduto de jovens
intelectualizados, engajados e progressistas. Constatei decepcionada que
aquele era um antro de imbecis, burgueses e alienados que promoviam maconhaços e festas em homenagem à Baco regadas
à bebida e drogas entorpecentes! Decididamente não era o meu
lugar!
Após tantos movimentos que presenciei e
participei como cidadã na política do Brasil desde a ditadura, a luta pelas
diretas já, o saque criminoso e o movimento que redundou no impeachment de
Collor e o retumbante florescer da ditadura do banditismo lulopetista que após
13 anos de falência da organização e decência no comando da nação. Chega-se o momento do clímax com as revelações estarrecedoras do Lava Jato, delações premiadas
aceitas pelas investigações da Polícia Federal que nos conduzem a esse
julgamento de impeachment contra a Presidente Dilma por graves violações da Lei
de Responsabilidade Fiscal com a contratações de escandalosos Empréstimos nos
Bancos Públicos Bco do Brasil,Caixa Econômica e BNDES para alterações na Gestão
Orçamentária e Fiscal.
Ouço os discursos proferidos por grupos antagônicos e busco uma
identificação com as bandeiras defendidas para que possa me juntar. Busco
uma ideologia para respeitar e confesso que não me encontro em nenhuma. Há
perigos de extremos no ar! Ditadores, psicopadas, narcisistas não reconhecem os
interesses do povo.
Hoje o que espero é um caminho em que
sejam julgados e punidos os representantes eleitos e nomeados para nos defender
e à nossa pátria e que não estão à altura da envergadura das suas missões
confiadas!
Nathalia Leão Garcia
Rio de Janeiro, Segunda- feira, 11 de abril de 2016.
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