quarta-feira, 28 de novembro de 2012

VESTÍGIOS



Nossos medos não resistem aos precipícios.
São estreitas as estradas que nos levam aos momentos felizes.
Terrenos agrestes e escarpados desta caminhada
nos ensinam  a confiar no vento que nos acena .
Os instintos nos guiam nessa jornada.
A poesia reveste o tecido delicado das emoções
traduzindo as marcas e vestígios
Arrebata-nos dos velhos porões.
Abre as janelas para a luz solar
que atravessa os dias
e denuncia a nossa humanidade.


Rio, 28 de novembro de 2012.
Nathalia Leão Garcia 



segunda-feira, 26 de novembro de 2012

A MITOLÓGICA REBELDIA




Sísifo e sua façanha:
enganou a morte sorrateira.
Sonhos, silêncios e suicídios.
Silabas, sussurros e soberba!
Inventou um meio de alongar seus dias!
Driblar Tânatos
impedindo o fim dos homens.
Provocou a ira de Zeus 
Por sua astúcia e rebeldia
frente aos desígnios divinos.
Como castigo tinha que carregar 
montanha acima eternamente 
a pedra que rolava novamente 
ao chegar ao topo.
Sísifo e Prometeu 
repartiram entre os mortais 
o poder de Deus!

Rio, 26 de novembro de 2012.
Nathalia Leão Garcia 



RODA VIVA


O convívio é o exercício do amor 
que se equilibra na corda bamba,
mas que tem jogo de cintura!
Capricha no luxo e samba!

Rio, 25 de novembro de 2012.
Nathalia Leão Garcia


sexta-feira, 23 de novembro de 2012

A LOUCURA NOSSA DE CADA DIA



Escrever para se auto preservar
reservar a dose de loucura
a impossibilidade de a cura alcançar.

Desatar nós
soltar os freios
Entregar aos devaneios.

Buscar o amor e aceitação.
Brincar com as teias e os véus.
Brindar ao vento, à dança.
À vida que na corda bamba se balança.

Rio, 23 de novembro de 2012.
Nathalia Leão Garcia 



sábado, 10 de novembro de 2012

MEMORIAL



Por que a dor pungente
aperta a vida da gente,
camufla-se em sombras,
sobras de sonhos mal sonhados?

Por que as brumas teimam e tatuam os dias,
encobrem a luz,  
escurecem o céu,
e deixam um gosto amargo de fel?

Por que falar da falta que ele faz,
se a palavra que calo é ambígua,
retaliada e escandalizada?

Por que o perfume que permeia a vida,
provoca uma sensação de repúdio,
pulveriza as paixões perversas,
estimula a febre e fere a sensatez?

Por que me troco a troco de nada,
se não te toco da urgência do toque,
se o que sinto sussurra no vento
o último sortilégio dos deuses?

Por que enquanto o mundo dorme,
meu uivo insano ecoa nos telhados
e promete a remissão dos pecados?

Que o fardo se torne ao menos suportável,
leve embora o cisma de vez
trazendo o alívio do abraço do amado.

Não sou mais do que a ausência das margens
de um rio que não é mais navegável.

Nathalia Leão Garcia 
Rio, 10 de novembro de 2012. 


sábado, 3 de novembro de 2012

EXPLOSIVA



Explode o vulcão desolado.
Contradições, aflições, compromissos, promessas, liberdade, amor.
Pedaços esfacelados de um peito dilacerado
O que a boca cala a poesia exorta, transborda. 
Alcança o âmago, pra além de qualquer fronteira. 
Dinamita a impotência dos dias sem esperança. 
Nas noites sem canção
Das mãos trêmulas e espalmadas. 
O ninho estéril, o vórtice do escuro. 
Reverbera a solidão.

Nathalia Leão Garcia


Rio, 03 de novembro de 2012


ABSOLVIÇÃO


Sou investida de poder desde o alto
para livrar-me da injusta tarefa de julgar.

Prefiro trocar afagos de alma
e trilhar os caminhos do agora
coados de frustrações,
de exigências impiedosas.

Não há nada para perdoar!
Somos almas perdidas
Nadando em círculos contra a correnteza

Náufragos que se agarram aos seus velhos medos.
Sobreviventes das lentes de aumento
do preconceito desalmado.

Minha compulsão é a mitomania
Sou viciada em mitificar, me iludir.
Sou uma coleção de idiossincrasias.

Miríade de sonhos,
Poeira cósmica de emoções.
Releitura de poemas adormecidos
nas manhãs ensolaradas.

Não me explico, nem me justifico.
Apenas peço que me aceite como sou!
Não me fatie!

Me engula inteira sem mastigar.
Seus dentes dilaceram meu frágil ser.

Este seu feroz desejo de classificar,
Triturar meus nervos,
Submeter-me à leis inexoráveis.

Sou um ser em mutação!
Processos e perdas.

Liberto-me dos casulos
Desapego-me das carapaças.
Não busco refúgios.
Exponho-me à visitação.


Nathalia Leão Garcia
Rio, 03 de novembro de 2012



sexta-feira, 2 de novembro de 2012

MALTRATADO PELA AGRESSÃO E VITORIOSO PELA SUPERAÇÃO - VITOR MARQUES




Sorrio e agradeço por ter conseguido sair vivo depois de ter chorado devido muitas dores. Entretanto, minha angústia ainda permanece por residirmos neste mundo da violência, do preconceito, da intolerância.
Após um coma, traumatismo e afundamento do crânio, hemorragias; chegou a minha hora de gritar. Manifestar-me para obtermos uma nação e um universo próspero e verdadeiramente desenvolvido.
Com apenas dezessete anos, fui vítima de uma tentativa de homicídio. Infelizmente não fui o único a enfrentar esta barbaridade. Fui mais uma vítima da violência urbana.
Relatei tudo que enfrentei através do livro Maltratado pela agressão e vitorioso pela superação, da editora Multifoco:
"[...] olhei à minha volta e vi muitas pessoas deitadas,
quase mortas - e eu ´desligado´ da realidade
ainda, achei que estivesse em um
purgatório, comecei a tentar acordar do
péssimo pesadelo, mas mão conseguia daí percebi
que aquilo que eu estava vivendo era
concreto [...]"



Vitor Marques 

 Rio, 02 de novembro de 2012




REMINISCÊNCIAS E ESCRIVIVÊNCIA

                 Carrego em mim a doce lembrança de minha avó materna que me criou. Ela partiu cedo desta vida, mas me deixou de herança s...