Por que a dor pungente
aperta a vida da gente,
camufla-se em
sombras,
sobras de sonhos mal sonhados?
Por que as brumas teimam e tatuam os dias,
encobrem a luz,
escurecem o céu,
e deixam um gosto amargo de fel?
Por que falar da falta que ele faz,
se a palavra que calo é ambígua,
retaliada e escandalizada?
Por que o perfume que permeia a vida,
provoca uma sensação de repúdio,
pulveriza as paixões perversas,
estimula a febre e fere a sensatez?
Por que me troco a troco de nada,
se não te toco da urgência do toque,
se o que sinto sussurra no vento
o último sortilégio dos deuses?
Por que enquanto o mundo dorme,
meu uivo insano ecoa nos telhados
e promete a remissão dos pecados?
Que o fardo se torne ao menos suportável,
leve embora o cisma de vez
trazendo o alívio do abraço do amado.
Não sou mais do que a ausência das margens
de um rio que não é mais navegável.
Nathalia
Leão Garcia
Rio, 10 de
novembro de 2012.
Muito Lindo, tocou fundo! Parabéns!
ResponderExcluirNossa que bom receber a sua visita neste espaço povoado de poesia! Seja bem vindo sempre! Aqui o maior objetivo e provocar e compartilhar emoções! Beijos!
ResponderExcluirLindo poema! Mas será que esse rio não é mesmo mais navegável?
ResponderExcluirObrigada pela visita! É preciso disposição e vontade para encarar os ciclos do rio. Investir tempo e demonstrar interesse para valer à pena. O que é que você vai fazer com isso? Encarar o desafio ou abandonar a travessia do rio?
ResponderExcluir