#MeuPrimeiroAssédio
Assédio X Maníacos Perto das Escolas. Infelizmente os relatos de assédio se repetem e
a monotonia torna ainda mais lamentável. Porém é hora de denúncia e de lavarmos a
alma. Meu primeiro assédio (ou o que me lembro em primeiro lugar) foi quando tinha
uns 11 anos e foi na porta da Escola Municipal Roma onde eu estudava com a minha
irmã desde os 10 até os meus 14 anos. Fui sozinha para a escola atrasada, pois minha
mãe com a minha irmã mais nova estavam no Hospital Miguel Couto para uma consul-
ta ao oftalmologista. A Praça do Lido onde fica a Escola Roma após a entrada dos alu-
nos costumava ficar deserta e não havia qualquer sinal de segurança. Eu estava unifor-mizada com a saia plissada azul e camisa branca e caminhava pela rua detrás da escola quando um homem de uns 35 anos, aparentemente frágil e doentio se aproximou de
mim para pedir alguma coisa baixinho que não entendi. Ele calmamente repetiu que
queria “uma punheta”. Como era muito inocente não conhecia aquela palavra, pergun-
tei-lhe o que queria dizer . Ele respondeu mostrando o fecho éclair da calça jeans entre-aberto que “queria que eu segurasse o seu pau”. Apavorada com aquela violência ator-
doante só tive a iniciativa de sair correndo e atravessar a rua no meio dos carros em di-
reção à praia. Um medo indescritível me emudeceu , só sentia a boca seca, o grito para-
lisado na garganta, vontade de chorar. Só mais tarde tive coragem de contar a minha
mãe. Tive diversos pesadelos seguidos com essa situação. A estes se somaram outros
assédios em que aprendi a reagir agredindo os tarados, seja com gritos, desaforos ou arremessando a prancheta que levava comigo principalmente quando tinha que pegar
ônibus para ir a escola. Lembro de muitas cenas em que ataquei os nojentos com o que
tinha na hora para me defender. Ainda hoje carrego na bolsa sempre um chaveiro pesa-
do que funciona como um amuleto e me dá a sensação de proteção. Os covardes não se intimidam e atacam as vítimas em muitas situações e em pleno dia. Aprendi com a
minha mãe a partir pra cima e reagir com socos e gritos aos agressores que contam com
o silêncio e vergonha das suas vítimas para agir descaradamente. Não temos como nos tornar invulneráveis a eles a não ser que façamos escândalo! É doloroso falar sobre es-
se assunto. Mas sinto-me mais aliviada quando vejo que os meus traumas são comuns
a outras mulheres e meninas. É assustador ver que esses pervertidos são onipresentes
na história de nossas avós, tias, mães, sobrinhas , filhas, primas, vizinhas, amigas e co-
legas de trabalho, faculdade e colégio, atravessando gerações e séculos sem fronteiras definidas nem países imunes. A cultura machista permeia os continentes e nós mulhe-
res temos que nos posicionar e lutar para que nossos apelos não caiam no esquecimen-
to e banalidade.
a monotonia torna ainda mais lamentável. Porém é hora de denúncia e de lavarmos a
alma. Meu primeiro assédio (ou o que me lembro em primeiro lugar) foi quando tinha
uns 11 anos e foi na porta da Escola Municipal Roma onde eu estudava com a minha
irmã desde os 10 até os meus 14 anos. Fui sozinha para a escola atrasada, pois minha
mãe com a minha irmã mais nova estavam no Hospital Miguel Couto para uma consul-
ta ao oftalmologista. A Praça do Lido onde fica a Escola Roma após a entrada dos alu-
nos costumava ficar deserta e não havia qualquer sinal de segurança. Eu estava unifor-mizada com a saia plissada azul e camisa branca e caminhava pela rua detrás da escola quando um homem de uns 35 anos, aparentemente frágil e doentio se aproximou de
mim para pedir alguma coisa baixinho que não entendi. Ele calmamente repetiu que
queria “uma punheta”. Como era muito inocente não conhecia aquela palavra, pergun-
tei-lhe o que queria dizer . Ele respondeu mostrando o fecho éclair da calça jeans entre-aberto que “queria que eu segurasse o seu pau”. Apavorada com aquela violência ator-
doante só tive a iniciativa de sair correndo e atravessar a rua no meio dos carros em di-
reção à praia. Um medo indescritível me emudeceu , só sentia a boca seca, o grito para-
lisado na garganta, vontade de chorar. Só mais tarde tive coragem de contar a minha
mãe. Tive diversos pesadelos seguidos com essa situação. A estes se somaram outros
assédios em que aprendi a reagir agredindo os tarados, seja com gritos, desaforos ou arremessando a prancheta que levava comigo principalmente quando tinha que pegar
ônibus para ir a escola. Lembro de muitas cenas em que ataquei os nojentos com o que
tinha na hora para me defender. Ainda hoje carrego na bolsa sempre um chaveiro pesa-
do que funciona como um amuleto e me dá a sensação de proteção. Os covardes não se intimidam e atacam as vítimas em muitas situações e em pleno dia. Aprendi com a
minha mãe a partir pra cima e reagir com socos e gritos aos agressores que contam com
o silêncio e vergonha das suas vítimas para agir descaradamente. Não temos como nos tornar invulneráveis a eles a não ser que façamos escândalo! É doloroso falar sobre es-
se assunto. Mas sinto-me mais aliviada quando vejo que os meus traumas são comuns
a outras mulheres e meninas. É assustador ver que esses pervertidos são onipresentes
na história de nossas avós, tias, mães, sobrinhas , filhas, primas, vizinhas, amigas e co-
legas de trabalho, faculdade e colégio, atravessando gerações e séculos sem fronteiras definidas nem países imunes. A cultura machista permeia os continentes e nós mulhe-
res temos que nos posicionar e lutar para que nossos apelos não caiam no esquecimen-
to e banalidade.