Liberdade... O que não fazemos para
alcançar esta caprichosa dama?
Ah traiçoeiro sonho que rasga as nossas
roupas ao adentrarmos a sua sala de espera!
Inebriante poção mágica que nos
envenena!
Despe, cospe , amassa, mói até alcançarmos
a pureza!
Pagamos um preço tão alto por
desejarmos ser livres!
“Cuidado com o que
deseja, pois poderá ser atendida”.
E agora o que você vai fazer com isso?
Por tantas vezes temos que lidar com as
nossas compulsões.
Entrar na vida adulta, ter que
enfrentar os nossos demônios.
Não é fácil lidar com as nossas
frustrações.
Trocamos a liberdade por casamentos que
são refúgios perfeitos!
Doce gaiola dourada, grilhões, ilusões,
sedução!
Segurança e cuidado. Aprovação e aceitação.
Pensamos ter achado as chaves do
paraíso.
Somos capazes de nos satisfazer como
mães e esposas.
Precisamos significar a perfeição neste
cuidado familiar.
Porém esta é apenas uma faceta da
existência.
E os anseios por mudar o mundo, ser
independente, moderna e forte?
Não dá para ser feliz sendo fração!
“Ou você é feliz ou é bom” , diz o Zen
Budismo.
Já ouvi de um homem que não tenho
inteligência emocional.
Jamais coube na moldura social que
escolheram para mim.
Os homens de um modo geral temem as
mulheres que os desafiam.
É difícil lidar com a sua imagem gêmea
refletida no espelho.
Mulheres independentes são ruidosas e
espaçosas.
O custo extorsivo desta “paz”, de
manter este status de “pertencer” a alguém é se deixar algemar pelas poderosas
mãos que afagam e ferem.
Brincar de ser exímia cozinheira,
amante tântrica, decoradora, chefe de obras, psicóloga, mulherzinha, bibelô e
até boneca inflável!
Abandonar-se, confundir seus projetos,
adotar a identidade do outro, passar a ser sua extensão simbiótica.
Facear a traição, a humilhação, o
assédio moral, a mesquinharia financeira e emocional.
A cultura machista desqualifica e
coisifica a mulher.
São controladoras e manipuladoras no
subterrâneo.
À luz do dia são submissas como
gueixas, servis imolam-se, aniquilam-se por seus maridos e filhos.
Libertação só às duras penas, debaixo
de fogo cruzado.
A dor é só minha!
Não há alguém para compartilhar.
Na luta pela liberdade corri com os
lobos, fui gladiadora.
Foi um longo caminho de volta para mim.
Sou dona do meu nariz, não devo
satisfações a ninguém,
Porém como Atlas, carrego o mundo nas costas...
Por vezes este excesso de liberdade me
sufoca...
A solidão dói e me rói.
A busca contínua por partilhar doces
delícias, sonhos, angústias e dívidas.
Amor, amizade e respeito são
inegociáveis!
As malditas cicatrizes abrem as feridas
e expõem a carne viva.
Conquistei o meu lugar no mundo, vasto
mundo.
Sou eu mesma minha senhora.
Respeito a minha própria imagem
refletida no espelho.
Procuro que o convívio comigo mesma se
torne ao menos suportável.
Mereço meu nome, mas a solidão, essa
traiçoeira, teima em me rondar.
A liberdade contempla a solidão.
O trabalho instiga-me e identifica-me
na multidão.
Não tenho uma rotina rígida.
Há muito espaço para o imprevisível.
Invento os meus roteiros.
A paixão permeia os meus dias
Acabei de romper com alguns dos meus
maiores sabotadores internos:
Cometi a “heresia” de criar meu próprio
Blog de poesias.
Escrever poesia? Quem diria?
Eu posso, faço e gozo!
Pago impostos, pago os meus pecados,
pago mico, pago caro!
Sou dona do meu destino!
!Pero, sin perder la ternura jamás!
Nathalia Leão Garcia